A noite de Christopher e Miranda começou tranquila e calma,
os dois andaram de mãos dadas pela Charing Cross Road, a rua das livrarias, e
depois cruzaram o Leicester square em direção a Picadilly Circus, uma praça
impressionante, a estátua de Eros e os
outdoors de neon nas fachadas dos prédios deixaram Miranda boquiaberta de
prazer e contentamento.
- Piccadilly Circus é um
dos principais cruzamentos em Londres, Miranda. É um local perfeito para ponto
de encontros, um ponto turístico famoso em Londres. Christopher comentou para
uma Miranda sorridente.- Os painéis de
publicidades são chamados de Piccadilly Lights e já foram vistos em vários filmes
famosos.
- Essa é a famosa estátua de Eros foi feita em 1893, totalmente
em alumínio. Disse Christopher segurando-a pela cintura e trazendo-a para mais
próximo de seu corpo. – Eros é um Deus Grego, que personifica o amor, seu nome significa
desejo incontido dos sentidos personificados. Sua voz era um sussurro que
chegava aos ouvidos de Miranda como uma tortura deliciosa fazendo todo seu
corpo arder em chamas, seria possível desejar tanto um homem assim.
- Não me sinto bem Christopher, gostaria de ir para um lugar
com menor movimentação. Ele mirou em seus olhos. Por que Miranda insistia em
usar esse coque horroroso no alto da cabeça? Perguntou-se irritado, não era do
seu feitio ser tão agradável com uma mulher e Miranda era privilegiada por
isso, mas parecia que ela não queria estar ao seu lado. Olhou para suas roupas
sombrias tão diferente das roupas provocativas de Mary, lá estava ele pensando
na garota dourada outra vez, suspirou.
- Vamos Miranda, voltaremos ao hotel. Ele se deu por vencido. Miranda sentiu a
irritação dele e se arrependeu de ter sido tão tola. Voltaram todo o percurso
em silêncio. Ao chegar ao hotel Christopher disse para ela ir para o quarto e
pedir o jantar, pois ele iria tomar um drink no bar do hotel.
Ao chegar no bar sentou-se próximo ao balcão, conhecia o
barman um jovem chamado Juan.
- Boa noite Sr Christopher, já faz algum tempo que não vejo
o senhor.
- Tenho estado muito ocupado com o Hotel em Rye, Juan. Como
vai você?
- Bem senhor. Disse Juan estranhando, pois Christopher
Lancaster nunca perguntava como vai você e muito menos para um Barman.
- O senhor está bem? Christopher apenas o olhou distraído.
- Uma dose de whisk , Juan.
- O de sempre senhor?
- Sim.
- Você é casado Juan?
- Sim, sou.
- É feliz?
- Posso dizer que sim, nós lutamos com certa dificuldade,
pois fazemos faculdade, mas sempre estamos unidos e tentamos resolver nossos
problemas, nossas diferenças. Juan foi atender outro cliente e Christopher
ficou perdido em seus pensamentos, casar... Miranda seria sua companheira
ideal, mas era tão arredia, será que ela não iria repudiá-lo devido as suas
cicatrizes? E mesmo que ela o aceitasse, o que faria com o desejo que sentia
por Mary?
Seu pensamento voltou ao ponto exato do beijo dos dois, por
alguns segundos ele tinha beijado Miranda e seu corpo se incendiou com a
caricia de suas mãos em seu peito, porém logo se sentiu como se estivesse
beijando Mary, estava louco e obcecado por aquela mulher, precisa se livrar
dessa fixação, mas por ora o que podia fazer era beber e tentar esquecer.
Miranda cansou de esperar por ele para o jantar, deixou a
comida de lado e foi para seu quarto, tomou um banho lavando seu cabelo que
pulou rebelde das amarras pedindo liberdade, passou amar seu cabelo, não
gostava dele antes, mas através do olhar de desejo de Christopher sentiu que era uma
mulher desejável.Que seu corpo era atrativo a ele. Christopher a desejava disso ela não podia duvidar, mas quando ele
descobrisse que ela e Mary eram a mesma pessoa, sabia que ele não poderia perdoa-la.
Uma lágrima teimou em descer de suas faces. Por que se importava tanto com
aquele homem? Que feitiço ele havia jogado sobre ela?
Miranda tentou dormir, mas parecia que sua cama era de
Faquir, não conseguia dormir, já era madrugada, certamente ele já tinha voltado
e já devia estar dormindo, estava com sede e a água de sua geladeira já tinha
terminado, levantou-se e foi buscar água, o cabelo estava todo revoltado sobre
sua cabeça, passou a mão por eles, usava uma camisola branca que deixava parte
de suas coxas amostra. Assim que cruzou o hall a porta da entrada se abriu e um
Christopher cambaleante e atônito a olhava esfregando os olhos.
- Mary... Sussurrou, vindo na direção de Miranda
cambaleante. Chegou bem perto o que a fez dar alguns passos para trás, no
entanto ele a suspendeu em seu colo e a levou para seu quarto.
- Christopher me solte, você está bêbado. Ele entrou no
quarto, fechando a porta ruidosamente com o pé.
-Se você for uma miragem, dane-se, vou lhe ter, preciso de
você. A colocou no chão do quarto, esfregando seu corpo tremulo ao dela. Não podia acreditar que a razão do seu desejo estava em seus braços. Beijou
seus lábios com violência, desceu a língua sobre seu pescoço, precisava daquela
mulher, queria sentir seu sabor, estava louco, em um ato insano rasgou sua camisola, que caiu
aos trapos no chão, queria toda nua em seus braços agora, a loucura de Christopher em vez de deixá-la com medo, muito
pelo contrário a deixou mole de desejo como uma gelatina em seus braços. Ele Jogou-a
na cama de forma rude, e foi tirando sua própria roupa, podia-se ouvir o som de panos sendo rasgados.
Miranda ao cair na cama saiu do estado de desejo em que
estava, precisa fugir dali, mas não
sabia como, aquele corpo maravilhoso em todo seu esplendor estava totalmente nu
em sua frente, engoliu em seco. Precisava detê-lo, sabia que a única forma
seria magoando-o.
- Não me toque, por favor, eu nunca fiz amor com ninguém. E
minha primeira vez quero que seja com alguém que eu ame. Não com você com todas
essas cicatrizes em seu corpo. Mordeu os lábios ao ver a expressão magoada nos
olhos dele. Levantou-se da cama procurando sair do quarto. Aquilo realmente tinha
pegado-o de surpresa, a expressão de magoa já tinha dado lugar a ira, ele deu
dois passos cambaleantes em direção a ela, como se fosse agredi-la, no entanto
parou no meio do caminho, sacudiu a cabeça e voltando se jogou na cama quase desmaiado.
-Saia da minha frente, sua...
Miranda não esperou para ouvir os impropérios que ele iria
dizer, correu para seu quarto e o trancou. Jogou-se na cama e deixou as lágrimas
caírem, como pôde fazer isso com ele? Ela estava morta por dentro, tão destruída
quanto ele, estava somente de calcinha, pois os restos da sua camisola tinham
ficado no quarto dele, sentia vontade de voltar e beijar cada cicatriz daquele
corpo e dizer... dizer... sim ela já o sabia em seu coração, amava-o mais que tudo, precisa dele, mas ele não a
perdoaria nunca, pois agora sabia que era Mary, o enganara e para finalizar
falou todas aquelas coisas horríveis para
ele. Praticamente viu o dia amanhecer, já foi dormir com o dia raiando exausta
em sua tristeza.
Christopher acordou com uma enorme dor de cabeça, ao se
levantar sentiu tudo rodando, voltou a deitar-se por alguns minutos para poder
restabelecer o equilíbrio. Quando conseguiu levantar-se avistou restos de uma
camisola branca rasgada no chão, blasfemou irritado consigo mesmo, o que tinha
feito com Miranda? Por Deus, estava tão bêbado que a confundiu outra vez com aquela
mulher diabólica, havia a arrastado para seu quarto, e só não consumou o ato
por causa das palavras dela, que atingiram seu coração, cortando-o ao meio. Ele
tinha estragado tudo, como ela o aceitaria agora? Passou as mãos pelo cabelo em
um gesto de desânimo, precisava tomar um banho e reparar seu erro urgente.
Miranda ainda estava dormindo quando ouviu batidas na sua
porta, sonolenta começou a lembrar dos fatos ocorridos e cobriu a cabeça com o
lençol. Ouviu o som da maçaneta girando e a porta sendo forçada.
-Vá embora, por favor. Pediu chorosa.
- Docinho, me deixe entrar, preciso falar com você. “Docinho”
ela tinha ouvido bem. O que será que ele estava aprontando. Ela tirou o lençol
do rosto e disse.
- Vá embora, não temos nada a falar. Ele suspirou, e
encostou na porta de costa, ela levantou achando que ele já tinha ido embora,
mas ao chegar perto da porta, o que ouviu deixou seu coração apertado.
- Desculpe Miranda, eu estava bêbado e confundi você com
outra pessoa, me perdoe, se assim
desejar, não a tocarei de novo, mas abra
a porta, por favor, carinho...
- Vou tomar um banho e já saio... Miranda falou não sabia se
ficava feliz ou preocupada por aquela farsa seguir adiante.
Após o banho colocou uma calça de moletom cinza claro com um
suéter na cor cinza chumbo, colocou sapatilhas marrons, a roupa mostrava
seu estado de espirito, fez o terrível coque, a maquiagem pesada, colocou as
lentes de contato, o sutiã apertado e pronto agora
enfrentaria a fera.
Ao chegar a cozinha americana, a mesa do café estava posta e
viu Christopher de pé olhando pela janela, parecia cansado. Ele sentiu suas
costas ficarem tensas com a presença de Miranda, voltou-se e a encarou, o
problema era que elas eram muito parecidas, precisa tirar aquilo da cabeça. Ela parecia tão
abatida e triste, estava com a cabeça baixa.
- Me perdoe, por favor... eu...
- Essa mulher... interrompeu Miranda levantando o rosto para olha-lo. – Ela é muito
importante para você?
- Não. Ele falou rápido demais. – Não quero falar sobre ela.
O que eu fiz, não foi certo, e não sei o que aconteceu depois, eu fiz mal a
você? Lembro de suas palavras duras, mas não do
que aconteceu depois. Miranda enrubesceu quando ele lembrou do que ela
falou.
- O que eu falei foi para que me deixasse sair do quarto.
- Que era virgem ou que odeia minhas cicatrizes.
- Não odeio, balbuciou, e sim sou virgem. Ele suspirou
assombrado. Mais com o que ela falou sobre não odiar suas cicatrizes do que com
que era virgem.
- Quero que case comigo. Disse Christopher de modo abrupto.
-O quê!? Gritou Miranda estarrecida, será que ele achava que
havia acontecido algo entre eles. – Não aconteceu nada entre nós, não precisa
se sentir culpado.
- Mas me sinto, pense no que seu tio Richard irá pensar
quando souber que quase levei sua sobrinha para cama? Como ficará a sua
reputação.
- Você deve estar brincando não é? Minha reputação? Você
pensou nela quando me trouxe para ficar em seu apart hotel? Miranda estava
zangada com aquela proposta, não queria pena dele, nem de ninguém. Ele a olhou
com as sobrancelhas arqueadas.
- Então o problema é o meu corpo?
- Já disse que não me importo com suas cicatrizes. Não seja
tolo.
- Existe outro homem em sua vida?
- Pare com isso. É claro que não existe ninguem.
-Então por que não quer se casar comigo?
- Por que não ouve nada entre nós, e se você seguir com essa
conversa de casamento só pode ser por consciência pesada. Ele a olhou, e pensou
que aquela menina sabia ser teimosa quando queria, achou melhor ser honesto com
ela.
- Quero me casar Miranda, já não sou nenhum jovenzinho,
preciso de uma esposa, quero herdeiros. Você é muito parecida comigo, lógico
que não é um casamento por amor, mas você teria todo o meu respeito e
fidelidade.
Miranda ficou de boca aberta, com a proposta de Christopher,
e sentiu seus olhos ficarem tomados de lágrimas, não existia futuro para eles,
ela sabia, ele jamais iria perdoá-la. Precisa ganhar tempo, pensar em algo.
- Com o tempo podemos nos tornar cúmplices, gosto de estar
com você.
- E essa mulher que mexe tanto com você?
- Não existe nenhuma mulher, Miranda. Mentiu descaradamente.
- Muito bem, então. Disse Miranda irritada.- Minha resposta
é não. Já esperava por aquela resposta e pôs em prática seu plano B.
- Então terei que dizer a Richard o que aconteceu entre nós
e que você recusou meu pedido de casamento.
- Você não se atreveria.
Christopher se aproximou de Miranda. Assim tão rebelde ela lhe lembrava
cada vez mais Mary... Olhou sua boca carnuda, tão parecida com a dela. Sentiu
vontade de beijá-la, mas por causa de Mary ou por ela? Estava confuso.
- Sim me atreveria, quero-a como esposa e vou tê-la.
- Jamais me casarei com um homem que não amo e que não me
ama.
- Ok. Farei você me amar então. Falou puxando-a pelos ombros
e beijando-a, um beijo suave, carinhoso, um roçar de lábios, Miranda pega de
surpresa, entreabriu os lábios, e Christopher intensificou o beijo, tornando-o
apaixonado. Miranda subiu as mãos e acariciou os cabelos dele, grudando seu
corpo ao dele com sofreguidão, queria muito estar em seus braços, as mãos de Christopher desceram por suas costas
e se insinuaram até suas nádegas, puxando-a de encontro a sua rigidez, mostrando
o quanto a desejava. E para sua surpresa Miranda em vez de se afastar colou
ainda mais seu corpo ao dele, isso o fez gemer, subiu suas mãos por baixo do suéter,
tentando alcançar seus seios, mas sua consciência o fez parar, precisa manter a cabeça fria, não podia estragar tudo
agora. Afastou delicadamente Miranda, seus lábios estavam mais inchados e ela
relutou em sair dos seus braços.
- Docinho se não pararmos agora, iremos terminar o que
começamos ontem. Miranda sentiu que lhe
faltava ar. Ficou feliz com a reação dela a seu corpo, resposta parecida com de
Mary. Sua mente dizia que algo estava errado e não sabia dizer o que.
- Quando chegarmos, darei a noticia a seu tio Richard.
-Não. Miranda o interrompeu.Ele sentiu que ela estava confusa com sua própria reação ao corpo dele.
- Vamos fazer o seguinte, me dê um mês, e se neste prazo não te
convencer a ser minha esposa, então desistirei, ok? Neste período iremos nos
conhecer melhor. O que acha?
Um mês todinho sentindo os braços dele a seu redor, sentindo
seus beijos... Era tudo que ela poderia ter dele, pois quando a verdade viesse
a tona...Agarraria aquela proposta como se dependesse sua vida disso, teria aquele mês para lembrar.
- Ok, Christopher, faremos do seu jeito, mas no final do
prazo, terá que me deixar em paz. Ele sorriu. Sabia que por sua reação, não era
isso o que ela queria.
- Veremos carinho. Disse acariciando seu rosto com ternura.